O Produto Interno Bruto (PIB) — a soma de todas as riquezas produzidas pelo país — cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o trimestre imediatamente anterior e somou R$ 2,6 trilhões. Na comparação com o mesmo período de 2022 a alta foi de 4%. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e foram divulgados nesta quinta-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi puxado, principalmente, pelo crescimento de 21,6% da agropecuária, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. O setor responde por cerca de 8% de toda a economia do país.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, explica, em nota, que problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária ano passado e esse ano a previsão é de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produção.
Além disso, a safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. “Na comparação entre o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observa-se o crescimento expressivo da Agropecuária”, afirma.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) — considerado uma prévia do PIB e divulgado no dia 19 de maio pelo Banco Central — já apontava para expansão econômica no primeiro trimestre, ao marcar alta de 2,41%. Em relação ao primeiro trimestre de 2022, o indicador mostrou crescimento econômico em 3,87%. Já em comparação aos últimos 12 meses até março, o IBC-Br indicou que a atividade econômica cresceu 3,31%, impulsionada pelo elevado volume de serviços.
Ainda no campo positivo, o setor de serviços, que tem o maior peso no indicador, cresceu 0,6% no período. O resultado foi puxado, principalmente, pelas altas nos setores de Transportes e Atividades Financeiras, ambos com crescimento de 1,2%.
“A alta no setor dos Transportes foi influenciada tanto pelo transporte de carga quanto o de passageiros e nas Atividades Financeiras, foi puxada pela parte de seguros, pois o valor dos prêmios cresceu, mas o dos sinistros caiu, e o setor tem um ganho quando acontece isso”, pontua Palis.
Por outro lado, o setor de Informação e comunicação (-1,4%) apresentou a maior queda do primeiro trimestre para os serviços. “A queda dessa atividade pode ser explicada, em grande parte, por uma base de comparação alta. Foi a atividade que mais cresceu depois da pandemia, se encontra 22,3% acima do patamar do quarto trimestre de 2019.”, explica a coordenadora.
A Indústria apresentou estabilidade (-0,1%) no primeiro trimestre de 2023. “A queda na Indústria de Transformação foi influenciada pelas quedas de bens de capital e bens intermediários, enquanto a Atividade de Eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos subiu 6,4%, visto que estamos em um momento de boas condições hídricas, sem escassez”, pontua Palis.
Pela ótica da despesa, a Despesa de Consumo das Famílias (0,2%) e a Despesa de Consumo do Governo (0,3%) apresentaram variações positivas, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (-3,4%) registrou queda.
O setor externo contribuiu positivamente para o crescimento, já que as Exportações de Bens e Serviços tiveram variação negativa de 0,4% ao passo que as Importações de Bens e Serviços caíram 7,1% em relação ao quarto trimestre de 2022.
Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB teve crescimento de 4,0% no primeiro trimestre de 2023. O Valor Adicionado a preços básicos apresentou elevação de 4,1% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios avançaram em 3,0%.
A Agropecuária cresceu de 18,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo bom desempenho de produtos da lavoura que possuem safra relevante no primeiro trimestre e pela produtividade.
Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), a soja, principal cultivo, apresentou ganho de produtividade e crescimento expressivo na produção anual, estimada em 24,7%. Com exceção do arroz (-7,5%), outras culturas com safra relevante nesse trimestre também apontaram crescimento na produção anual e ganho de produtividade, como milho (8,8%), fumo (3,0%) e mandioca (2,1%).
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